top of page
cartaz esboço_page-0001.jpg

Esboço

de Daniela Távora

Porto Alegre, Rio Grande do Sul

Esboço é um filme experimental que se concentra na ideia de que, às vezes, a realidade rotineira pode ser tão aterrorizante quanto um filme de horror, se observada com mais atenção. 

  • Instagram
  • Youtube
  • Site
  • Bandcamp
  • IMDb
  • Letterboxd
foto.jpg

Entrevista

1 - Você pode se apresentar falando sobre sua arte, suas realizações, colaboradores e como se apresenta a cena de cinema independente na região em que você vive.
Há algum tempo, desde que iniciei minha graduação em artes visuais, em 2009, ando fazendo zines, desenhos, pinturas, esculturas, e utilizando o audiovisual para registrar e atribuir significados e narrativas a tudo isso. Sempre contei com amigos para produzir seja o que for, e sempre me deixo levar pelos vínculos afetivos, são eles que definem com quem irei trabalhar. Por isso há muitos anos produzo artes com Itapa Rodrigues, com quem também tenho uma banda e divido um apartamento, e às vezes produzimos alguma publicação, ou um clip para as músicas que ele compõe e tocamos juntos. Sou bastante reclusa, e trabalho muito para pagar as contas, como oficineira de artes ou educadora social, o que me faz não ter muito tempo para produzir e circular com meu trabalho em galerias ou festivais. Mesmo assim, ainda em dezembro de 2024, expus uma escultura de gato do meu tamanho, com dispositivos de vídeo acoplados aos olhos, na galeria do Instituto Remanso, em Porto Alegre, a convite de uma grande artista e amiga, Virgínia Di Lauro. É assim que acabo participando da vida cultural do mundo, pois por convites de amigos queridos já expus em Berlim, em São Paulo, Cuiabá, sem pretensões e indo muito mais longe do que imaginei que iria com tanta loucura.

2 - Conte-nos como foram as filmagens de seu segmento para o “Tropical SOV”.
Tudo começou entre 2014 e 2016, eu trabalhava em um espaço cultural e o abria com enorme prazer para a comunidade que chegava até mim. Fiz com isso amigos e conhecidos para a vida toda, e nessa altura eu estava produzindo meu trabalho final da graduação. Era um vídeo que seria gravado durante uma sessão de tarô, com um baralho criado por mim, bastante inspirado na estética de filmes de horror e terror que contam com o desenho como imagem central nas tramas. Convidei muitos amigos para um encontro de gravação, e foi muito divertido, rendeu muito material, que eu nunca tive maturidade para editar definitivamente. E então gradualmente a maturidade começou a chegar e iniciei modos de inserir esses fragmentos em situações atuais, montado cenas gravadas em momentos e lugares totalmente distantes, tentando gerar um nexo subliminar com essas sequências. No momento minhas percepções e capturas giram em torno de processos artísticos simples e fenômenos fantásticos complexos que podem se dar no decorrer destes acontecimentos, e a escultura de gato com olhos de vídeo começa a se desdobrar no tempo com as novas ideias que passo a ter para editar este material antigo.

3 - Teve algum imprevisto durante as filmagens que você gostaria de nos contar (com todos os detalhes sórdidos, por favor).
O imprevisto não ocorreu, mas tem sido um processo interessante, ao acompanhar a minha vida e as coisas que vão acontecendo e atravessando ela: um casamento, um mestrado, três cartas de pedido de demissão, uma luta contra a depressão e sintomas da bipolaridade. 

4 - Paralelo as suas realizações cinematográficas, você também tem alguns projetos de música. Você pode falar deles e indicar onde as pessoas podem conhecê-los?
Sim, tenho uma banda de rock que se chama Pântano do Inferno, (https://soundcloud.com/pantano-do-inferno/sets/tropical-nights) e tem esse nome por ser um projeto que teve inicio em meio as enchentes que abateram a cidade de Porto Alegre no ano de 2024. Somos três, eu no baixo, Itapa na guitarra e vocal e Vini Brock na bateria. Tentamos imprimir nas músicas e clipes o desacordo e angustia que sentimos em relação as nossas situações como trabalhadores e o dilema entre ser um artista para refletir as questões da vida, e ser explorado sem tempo ou saúde. Aqui nesses links tem dois clips que fizemos: TROPICAL NIGHTS e CIDADE DO ALÉM (vídeo com letra).

5 - Nosso projeto “Tropical SOV” celebra o Shot On Video, que sempre foi uma expressão cinematográfica marginal à produção de cinema oficial e inspirado na filosofia do “Faça Você Mesmo”. Que conselho você gostaria de dar (ou qualquer tipo de ponderação) sobre essa arte tão difícil, mas divertida, de se produzir de maneira independente?
É sim um procedimento difícil, mas necessário e viciante, ao ponto em que vamos descobrindo que o único motivo para nos mantermos vivos é a possibilidade de produzir arte, de resto, tudo vira vento. Isso pode acontecer assim que criamos um ritmo, uma mania de, todos os dias, ao chegar em casa, produzir algum fragmento. Mesmo depois de um dia desgraçado de trabalho, e, por mais cansado que se esteja, se deve acrescentar um grão a mais em nosso projeto em andamento sempre que se pode, e sempre ter um projeto em andamento. Quando paramos e olhamos o que temos, então vemos uma coisa grande e complexa, e toda a dor, amor e revolta que sentimos enquanto fizemos está impressa nesta coisa, disponível para todo mundo que quiser ver.
Também aconselho que se mantenha uma pesquisa acadêmica em paralelo que contenha as reflexões sinceras de quem produziu as artes, para cada trabalho de arte que se pretenda ter, um filme, uma história em quadrinhos, uma série de ilustrações. As universidades sempre terão espaço para serem menos elitizadas, e mesmo que muita coisa já tenha mudado desde o surgimento do sistema de cotas, quanto mais existirem pessoas não normativas e periféricas ocupando as vagas das universidades e produzindo conhecimento a partir de outros pontos de vista, melhor para a sociedade na totalidade, melhor para o conhecimento construído pela coletividade. Ainda fica para a posteridade um registro em texto disponível nos repositórios das universidades, na internet, sistema de busca e referência que dificilmente vai cair ou mudar. Assim, outros pesquisadores e artistas podem acessar esses materiais e esses processos e conteúdos mesmo depois de muito tempo. É um jeito de ser meio imortal na cultura, enquanto ela durar. 

Ficha técnica

Dirigido, imaginado e editado por Daniela Távora

Imaginado por  Marcelo Castro Moraes

Diretores de fotografia: Eugenio Barboza, Itapa Rodrigues, Raysa Santos e Magnum Borini

Trilha sonora: Itapa Rodrigues

Agradecimentos especiais para Claudia Borba, Magnum Borini, Petter Baiestorf, Diego Goulart, Bruno Sant'anna, Hack Basilone, Raposu Ruas, Petter Baiestorf e Mauricio Castro.

 

Elenco:

Daniela Távora

Marcelo Castro Moraes

Suco de Defunto

Filmografia

Blasfêmia - Substantivo Feminino (Brasil, 2016, 2 minutos e 8 segundos)

Uma libra por seio arrancado de mulher como prova de captura (Brasil, 2016, 2 minutos e 48 segundos)
Poucas coisas são mais lindas que o voo do urubu (Brasil, 2026, 2 minutos e 55 segundos)
Canto de mau agouro (Brasil, 2016, 3 minutos e 54 segundos)

Nada nobre (Brasil, 2020, 4 minutos e 2 segundos)

Sul (Brasil, 2021, 2 minutos e 36 segundos)
 

REPRESENTAÇÃO

Representação

Distribuição

Informações

Petter Baiestorf

baiestorf@yahoo.com.br

(49) 99807-1432

© 2025 layout por Além da Terra. Editado por Jonathan Rodrigues. Criado com Wix.com

  • Vimeo
  • Facebook
  • Youtube
  • Instagram
bottom of page